Cada vez faz mais sentido para mim esta afirmação: ser mãe é ter medo. Desde que descobri que estava grávida da Madalena passei a ver o mundo com outros olhos e a palavra e o sentimento – medo – passaram a fazer parte do meu vocabulário. Os primeiros 3 meses há o medo de as coisas não estarem bem com o bebé, o medo de abordar, o medo de comer e fazer certas coisas… coisas simples como subir a uma cadeira e tirar algo pesado de cima de um armário. No segundo trimestre os medos começam (pelo menos para mim) a diminuir, mas se pensar bem ele anda sempre presente. Entramos no terceiro trimestre e aí chega o medo que a criança nasça cedo demais, antes de estar completamente formada, e há para muitas mulheres o medo do parto.
Eu acho que nunca tive medo do parto, não sei porquê mas foi a algo que sempre encarei com tranquilidade. Apesar de todas as mulheres com quem falava sobre o parto, ou melhor que faziam questão sem eu pedir, partilharem a sua experiência trágica do parto. Parece que há a necessidade de mostrar que foi muito difícil e que elas foram umas desgraçadas e sofreram muito e que nós também temos que sofrer. Mulheres por favor se a vossa experiência foi má não assustem as grávidas de primeira maré, antes de começarem a falar do horror da tragédia perguntem se elas querem saber! E se não têm algo se bom ou agradável para dizer por favor ESTEJAM CALADAS!
Mas voltando ao medo, depois da criança nascer o primeiro medo (pelo menos o meu foi) será que eu tenho leite para ela? Esse foi também um dos medos que me acompanhou durante a gravidez… e infelizmente acabou por se confirmar, não consegui alimentar em exclusivo a minha filha com leite materno. Na verdade tambem não tive acompanhamento nesta área, nunca ninguém nas minhas idas ao médico me perguntou se eu precisava de ajuda nesta questão que é o amamentar. Foi uma experiência dolorosa, física e psicologicamente, e como tal a melhor opção na altura era o leite adptado. Não posso mudar a história, não acredito que tenha feito mal. Só penso que podia ter sido melhor para nós as duas.
Ela já tem 4 anos e o medo vive ao meu lado, ou está dentro de mim não sei, continua bem presente. Comentei com um amigo um dia destes que desde que fui mãe estou mais medrosa, tenho mais vertigens, já não me arrisco a subir a árvores com medo de cair, andar de carroceis e eu sei lá mais o quê… é involuntário mas talvez seja o meu chip de mãe a garantir que eu estou cá por mais tempo e em boas condições para cuidar da minha filha.
Nem me atrevo a falar do meu medo de não estar a fazer um bom trabalho como mãe porque esse nunca se vai dissipar mas ainda bem porque é ele que vai garantir que eu me esforce cada vez mais para estar à altura da filha que me calhou na rifa!
Republicou isto em and commented:
Foi escrito faz hoje um ano. Ja estava grávida do Pedro, o medo estava presente mas não dominava a minha vida.
Continuo na mesma e desde que fui mãe estou mais medrosa, tenho mais vertigens, já não me arrisco a subir a árvores com medo de cair, andar de carroceis e eu sei lá mais o quê… é involuntário mas talvez seja o meu chip de mãe a garantir que eu estou cá por mais tempo e em boas condições para cuidar da minha filha.
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