Ep 3 – As coisas que me incomodam: barreiras arquitectónicas

Voltar a ter um bebé é muito bom e trás-me uma grande quantidade de boas memórias, mas também me relembra como ficava chateada com a dificuldade em andar a conduzir um carinho de bebé.

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Só nos damos conta da dificuldade que é andar a empurrar um carrinho sem ter que dizer meia dúzia de palavrões (nem que seja só mentalmente) quando o temos que fazer. Desengane-se quem pensar que é fácil porque aquilo tem umas rodas todas catitas… Não é só ao andar pelas ruas de paralelos cheia de buracos que é difícil andar a conduzir e que estamos numa versão contemporânea dos jogos sem fronteiras. Reparem que não sou só eu que me queixo já a Pipoca falou neste flagelo um dia destes. Nada disso em todo o lado temos obstáculos: nos centros comerciais o espaço entre lugares de estacionamento é minúsculo e temos que fazer quilómetros para conseguir chegar à entrada; os elevadores existentes nos mesmos são poucos e muitas vezes estão cheios com pessoas que podiam perfeitamente ir pelas escadas rolantes (eu sei que estou a julgar sem saber, mas é o pensamento que me ocorre quando vem o elevador pela terceira vez cheio de pessoas ditas “normais”); os restaurantes têm pouco espaço entre mesas e o carrinho tem que ficar num sítio onde se arrisca a levar com a travessa da carne em cima; os passeios não estão rebaixados e temos que andar a fazer cavalinhos com o carrinho e rezar para que aquilo não se vire… Já não vamos falar das pessoas que estacionam em cima dos passeios e que nos obrigam a ir para a estrada com o carrinho (e no meu caso com outra criança pela mão) correndo o risco de sermos atropelados… um sem número de coisas que cada vez que se esbarram no meu caminho me dão vontade de praguejar… Não o faço em voz alta, mas vou sempre a resmungar…

Mas vamos lá ver as coisa pelo lado positivo com todas estes obstáculos sempre faço um bocado de exercício enquanto passeio o meu filho. Ou seja isto é uma estratégia para as mães voltarem à sua forma pré-gravidez. Só que não!

Ep 2 – As coisas que me incomodam: A missão impossível de trocar fraldas

Mais uma coisa que me incomoda e muito. Já tinha passado por isto com a Madalena e agora passados 4 anos volto a deparar-me com este problema.

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A falta de locais adequados para trocar a fralda às crianças quando estamos fora de casa. Existem poucos locais e os que existem são claramente inadequados. Muitas vezes existe uma plataforma na casa de banho das mulheres, já lá vamos a este ponto, que só se mantém aberta se a criança estiver lá em cima. Há sempre falta de um espaço para pousar os sacos. E tendo em conta que estamos no WC público cheio de tudo o que são germes não é boa ideia pousar os sacos no chão. Usar a plataforma está fora de questão porque muitas vezes o espaço mal dá para a criança quanto mais para os sacos. Toda esta ginástica é muito mais fácil se tivermos a ajuda de outra pessoa. Ora isto é muito bonito mas como os troca fraldas estão na WC das mulheres o pai não pode entrar para ajudar como é óbvio.

Já não chega a pessoa estar preocupada em garantir que a criança não dá com a fuça no chão ainda tem que andar a fazer equilibrismos com as fraldas e toalhetes e cremes e mais sei lá o quê. Agora imaginem isto tudo aliado a uma fralda daquelas explosivas e para as quais precisamos de usar um pacote de toalhetes… Muito bonito sim senhor… e depois para ajudar caixote o lixo está estar sempre a 500 metros de distância.

O ideal seria mais uma vez existir uma sala especifica para o efeito com tudo o que necessitamos para mudar a fralda das crianças, onde tanto a mãe como o pai podem trocar a fralda dos filhos.

Com isto tudo quem se safa de ter que ir mudar uma fralda cagada no meio do almoço quando estamos fora de casa são os maridos, com a desculpa de não posso ir para a casa de banho das mulheres, tens mesmo que ser tu!

Ora f#$%& anda uma pessoa a treinar o marido para ele trocar fraldas e quando precisa que ele o faça arranjam-lhe a desculpa perfeita!

 

Ep1 – As coisas que me incomodam: WC públicos e crianças

Sou uma contestatária, quem me conhece sabe que estou sempre a refilar. Mas no fim das contas sou como aqueles cães pequenos que ladram muito mas depois não mordo a ninguém. Começo hoje uma série de posts, digo eu agora que tive um bocadinho para me sentar, onde falo das coisas que me incomodam no decorrer do meu dia a dia de mãe e mulher e que acho eu seriam simples de ser mudadas.

A ideia de escrever sobre este assunto surgiu no passado domingo. Voltámos de férias e tivemos que parar na estação de serviço de Leiria para comer e ir ao WC. Quem é mãe ou pai sabe o suplício que é ter que ir com eles à casa de banho fora de casa. Mas não há como evitar esse acontecimento trágico.

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Vamos as duas, mãe e filha, à casa de banho e a primeira coisa que eu digo à Madalena  é: “Não toques em nada!”. O que na cabeça dela é entendido como: “podes mexer em todo o lado, à vontadinha!”. Depois há toda uma logística para conseguir que ela faça xixi no sítio que é suposto porque a sanita está sempre uma grande imundice e não a vou sentar naquele pote gigantesco de germes. Então acabo sempre por fazer um equilibrismo para a conseguir manter suspensa em cima da sanita e rezo para que o xixi não me acerte nos pés ou nas pernas e para que no meio de tanto equilibrismo ela não molhe a roupa. Se conseguir estas duas coisas já é meio caminho andado para a coisa correr “bem”. Depois chega à minha vez de fazer xixi, o que para a minha filha é o equivalente a dizer: “podes abrir a porta e mostrar às senhoras que estão lá fora a tua mãe a fazer xixi em modo equilibrista.” Todas nós sabemos as figurinhas que fazemos para conseguir fazer xixi sem tocar em nada e o belo exercício de pernas que a tarefa exige.

Este processo poderia ser um bocadinho menos penoso se as pessoas, utilizadores das casas de banho por esse país fora, fossem um bocadinho mais civilizadas. Mas isso não acontece, o que se verifica é que desde que consigam despachar o seu xixi não importa como ficou a casa de banho para o próximo utilizador/a. 

Já que estamos a falar de idas com a Madalena à casa de banho, outra coisa que me incomoda é não haverem obrigatoriamente casas de banho familiares em todos os locais públicos, ou seja casas de banho em que tanto o pai ou a mãe poderiam ir com o filho/a e onde o existissem sanitas em ponto pequeno para as crianças. Alguns centros comerciais já as têm e acho fantástico. Desde as sanitas mais pequenas até aos lavatórios mais baixos para que os miúdos não tenham que se pendurar ou que nós tenhamos que lhes pegar ao colo para eles lavarem as mãos. Digo isto porque sei que o meu marido não se sente nada confortável a levá-la ao WC dos homens e diga-se de passagem eu também não acho muita piada.

Será estas coisas só me incomodam a mim?

Ou será que já estou a delirar por causa da privação do sono?

 

Coisa de mãe

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Flores para Ela, vinho para Eles…

Ontem foi a festa de final de ano da escola da minha filha e muito há para partilhar sobre esse ACONTECIMENTO! Mas isso são outros capítulos da mesma história…

No final da primeira parte da festa, depois dos meninos que têm actividades extra-curriculares fazerem as suas apresentações, os professores responsáveis foram chamados ao palco para serem aplaudidos pelo seu fantástico trabalho.

Parêntesis na conversa: Os professores fizeram o que se esperava, não menosprezo o seu trabalho, mas neste dia os artistas eram as crianças e elas sim tinham que ser elogiadas e colocadas no foco da atenção. Mas isso são pequenas coisas que nem todas as pessoas conseguem ver ou entender da mesma forma que eu .

Voltando ao palco… Foram chamados o professor de música, o professor de ginástica, o mestre de judo e a professora de dança. Três homens e uma mulher! A escola quis dar um miminho a cada um deles, e acho muito bem. O que me deixou revoltada foi o facto de à professora ter sido dado um ramo de flores e aos professores uma garrafa de vinho.

Ora cá está! A mulher não pode receber uma garrafa de vinho de presente? Ou o homem não pode receber um ramo de flores? Fiquei triste porque eu estou a lutar para que a minha filha não veja o homem e a mulher como diferentes ou como pré-destinados para determinados papeis.

2018-05-18-13-57-28.jpgNesse mesmo dia de manhã tinha falado com ela sobre não haver brinquedos de meninas e brinquedos de meninos. Isto depois dela me ter dito que na sala da escola dela havia essa separação.

 

Está tão enraizado na nossa sociedade estas discriminações e cabe-nos a nós pais e mães educadores da nova geração contrariar este movimento. E começa por mudar coisas pequenas como a escolha de presentes numa situação destas… Estou para aqui a falar, mas talvez aquela mulher prefira mesmo receber um ramo de flores ou então não, talvez ela prefira ser tratada de igual forma e uma garrafa de vinho fosse o presente perfeito para ela.

Eu como mulher, mãe e neste momento grávida impedida de tocar em álcool à meses, ia adorar receber uma garrafinha de vinho. Mas mais que isso ia adorar perceber que estava a ser tratada de igual forma. Independentemente do meu género.

Mas isso sou eu!!!